A natureza sob vigilância - Ethos penitenciário e etnoecologia na Ilha Grande

Marcus Machado Gomes
Informações
Categoria: 
Referência Bibliográfica: 

GOMES, Marcus Machado. A natureza sob vigilância - Ethos penitenciário e etnoecologia na Ilha Grande.  Monografia de graduação em Ciências Sociais. Rio de Janeiro: UERJ, 2001.

Local: 
Rio de Janeiro
Ano: 
2001
Instituição: 
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Orientador(a): 
Rosane Manhães Prado
Número de Páginas: 
42
Anexo
Resumo: 

“Santuário ecológico ameaçado”, estampa uma manchete de jornal revelando o atual lugar da Ilha Grande no imaginário fluminense: paraíso em perigo, recanto a ser preservado. No entanto, ao longo de quase todo o século XX, período em que ali funcionaram sucessivas instituições carcerárias, atribuiu-se à Ilha Grande um outro papel, punitivo e correcional. Para a sociedade abrangente, a presença de uma penitenciária conferia ao local uma aura de periculosidade que se impunha como fator fortemente limitante da atividade turística. Entretanto, para algumas populações nativas, o funcionamento da prisão não só envolvia poucos riscos como estabelecia um firme ordenamento social. Para elas, o convívio com o cotidiano prisional e com a forte presença da polícia influenciou intensamente suas maneiras de conceber o mundo e construir suas relações sociais. A despeito da implosão dos pavilhões do Instituto Penal Cândido Mendes em 1994, o estilo de vida penitenciário da Vila Dois Rios marca ainda hoje seus modos de estabelecer interações com o poder público e exerce influência sobre a construção de sua etnoecologia – isto é, sua percepção de meio ambiente. E na Vila do Abraão, apesar das profundas transformações que derivaram da recente expansão do turismo, a polícia permanece como um dos órgãos públicos mais acionados pela população em suas demandas por ordem e justiça, inclusive no que diz respeito às questões ambientais. Essa mudança de significação da Ilha – de cativeiro a “paraíso ecológico” – não ocorreu de forma automática e sem ambigüidades. O discurso ambiental, que hoje predomina nas falas do poder público e da sociedade civil, introduz os temas da conservação e da educação ambiental. No entanto, aparece impregnado de elementos herdados da tradição policial que marcou a história recente da Ilha Grande.

Observações : 
Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Sociais do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

No Facebook